A Reacção

Muitas vezes faço coisas por mera reacção. Sou um pouco reactivo…ou será mais correcto dizer reagente?
De facto, dou por mim ora Sódio ora Potássio…
Há um mês atrás tive uma reacção tão adversa a uma tradução publicada que tenho dedicado o meu tempo livre a elaborar uma sobre o mesmo poema: The Waste Land de T.S.Eliot.
Um certo senhor de nome Gualter Cunha propõe uma tradução que, no mínimo, deixa bastante a desejar, e no máximo faz-nos ranger os dentes. Não é plenamente gritante, mas é suficiente para eriçar as coisinhas da nuca.
The Waste Land é por muitos considerado como o poema mais emblemático do modernismo poético anglosaxónico, uma realidade que obviamente deve ser tida em conta em qualquer tradução. Parece-me que a escolha de eliminar o gerúndio no final dos primeiros versos do poema é uma traição básica que não toma em conta a postura estética modernista que esses versos anunciam. Poderia continuar até à náusea com as críticas, mas não me apetece. Por vezes ficamos com a sensação de que o senhor se esquece de que a lingua original é a inglesa, mas…
Mais gira é a forma como cheguei à leitura do poema. Pelas referências do Stephen King na série Dark Tower (da qual só me falta ler o último Volume). Eliot já me constava do Cats e do Assassinio na Catedral, mas nada me preparou para o Waste Land. Foi como se levasse uma bordoada das antigas. Encetei logo uma tradução mais cuidada (que vai a meio) e com os devidos estudos críticos assimilados, bem como iniciei uma nova fase poética sobre sua influência. Estou a meio de um grande poema, com lisboa e arredores em pano de fundo, três personagens ao barulho e diabólica quantidade de referências…mas não é modernista, apesar das minhas simpatias; não pretendo que o poema seja hermético, o que odeio.
As minhas reacções comandam, e eu obedeço.

2 responses to “A Reacção

  1. Não sei quem o senhor é, mas conheço o "tal senhor" a quem se refere e trata-se de um Professor de estudos anglo-americanos, na área de literatura inglesa da FLUP. Este senhor é um conceituado tradutor da língua inglesa e especialista em literatura inglesa, que certamente não traduziu "The Waste Land" de ânimo leve. Como se trata de um poema, e com o rigor que merecem estes assuntos, permito-me chamar-lhe a atenção para o facto de não utilizar aspas quando escreve títulos de poemas. Isabel Monteverde

  2. Pois, minha cara senhora, também não sei quem a senhora é, mas tal não obsta ao facto de a tradução em causa não ser tecnicamente defensável sobre muitos aspectos, e não há volta a dar a essa questão, nem mesmo com todos os pergaminhos académicos do mundo. Seus, do tradutor, ou de quem quer que seja.Quanto a aspas, releio este post concreto há procura delas e de facto elas não estão lá. Assim como não está a pretensiosidade académica do mesmo texto, qualquer explicação fundamentada crítica (terei todo o gosto em discutir isso consigo se o quiser), a sua publicação em papel ou a ausência de inteligibilidade. O registo é o de conversa e, se me permite, este espaço é o meu e não o dos outros, pelo que me arrogo o poder inseri-las ao meu belo prazer e da forma como me aprouver. Espaço para rigor haveria se o texto tivesse outro teor, objectivo, conteúdo e tom, o que parece ter escapado à sua "excelente" embora "cursória" análise. E ponho estas aspas em resposta às suas, caso lhe falhe a referência.De caminho, e para polir os seus pergaminhos, pode ler a referida tradução, e se souber um mínimo de lingua inglesa, divirta-se a encontrar o que nela está bem (que é muito) e o que está mal, que é também e infelizmente bastante. De pergaminhos anda este mundo cheio, de qualidade é que nem por isso.Boas leituras

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