Realidade Fantástica Setecentista

Começa assim:

"Se Cícero chamou morte do homem à ociosidade, também com máxima Católica se pode chamar remédio da vida o emprego literário"

São as primeiras palavras do prólogo do livro "Raridades da Natureza e da Arte divididas pelos quatro elementos" da autoria de um fidalgo da Casa Real e Cavaleiro da Ordem de Cristo, Pedro Norberto de Aucourt e Padilha, 1759. Uma daquelas coisas giras que se podem ler através da Biblioteca Nacional Digital.

A título de curiosidade, para aqueles que tiverem achado horrendo ou curiosamente imaginativo o chefe dos rebeldes em Desafio Total, o filme com Schwarznegger, uma espécie de mutante em forma de bébé de aspecto demoniaco que vivia dentro do corpo de um adulto, vejam esta descrição de Padilha:

"Em 1716 vimos na Cidade de Lisboa um homem que tinha nos peitos pegada uma criança, na cabeça da qual só se via um olho: tinha cinco dentes, e os cabelos de meia vara de comprimento. Lembra-me que estava numa casa do Terreiro do Paço com soldados à porta pelo grande ajuntamento de gente, que concorria a vê-lo. Cada uma lhe pagava um tostão. Poucos dias há, que eu ví na mão do Padre Mestre Teodoro Franco da Congregação do Oratório o papel impresso em que ele anunciava ao públlico, e nele se expressa chamar-se Jaime e que a criança oito anos depois dele nascido se fizera baptizar em Roma com o nome de Mathea."

Em nota pessoal, este causa mais arrepios que o do filme.

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